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Introdução
Leitor, tenha cuidado
nas linhas que irá trilhar.
Cada palavra leva a outra;
cada ânsia, a uma resposta.
Imposta.
Outras estarão ao lado
passíveis em se conectar:
Mas fugindo da norma, há outra;
se o caminho mudar, não tolha.
Escolha.
Não leia como inerte
Se o texto lhe chama a jogar.
Se as palavras não estão fixadas,
Seus sentidos também são mutáveis.
Instáveis.
Caberá a quem interprete
Decidir quais ladrilhos pousar.
Se não há ideias amarradas,
Espelhe-as ao seu bel deleite.
Aproveite.
No ato da escrita
O autor delimita
Um universo de intenções;
Mas a caneta, aflita,
goteja tinta infinita
das linhas aos corações.
Para uns, abismo ermo em deserta tarde.
Para outros, manhã-oceano de possibilidades...
Alberto Busquets.
Portanto, já elucidado
Ator também irá se tornar.
Em cada capítulo se encontra
Uma magia que se desponta.
Conta?
O bondoso ou o malvado
Serás capaz de julgar:
Pois em conjunto será criado;
Completamente inventado
Des-a(L)mado?
Conceitos pertinentes
Teremos que ponderar
Doçuras e coisas amáveis
Transbordadas ou impermeáveis
Improváveis.
Serão todos inocentes?
Ou poderão se transformar?
Fruto de vistas cansadas,
Ou de mais jovens enfeites?
Experimente
Haverá algo que habita
Novo ou que se imita
Sozinho ou nas interações
Por isso, ainda reflita
Aceite e se permita
Mergulhar pelos turbilhões.
Ou desista sem mais outro alarde.
Antes das noites-sonhos de puras verdades.
Eder B. Jr.
I - Inspiração
"O que fazes?"
"O que dizes?"
"O que olhas?"
"O que pensas?"
"O que queres?"
"O que sonhas?"
"Nada."
O nada é palpável:
Preenche cada recanto
Com migalhas atemporais.
Não há nada:
Um nada-argamassa estável
Camadas sedimentadas
soldadas e entrecortadas
Por inações naturais.
Nada entra,
Nada cresce,
Nada toma forma.
Nada cabe,
Nada tece,
Nada nos deforma:
Quedamo-nos tão cheios
De um nada tão completo
Que em nossa turgidez, decerto,
Tornamo-nos de tudo alheios.
Não há vazio em nosso seio:
O vácuo daria espaço
Para tentativa e erro, mesmo crasso,
na construção de um novo meio.
E o que nos resta, então?
Resignar-nos a nada?...
... Não.
De tudo o que se vê,
Se ouve ou que se sente;
Por tudo o que há além,
Aquém ou que há na gente;
Todos os nadas são cheios
De caminhos no início...
Indícios
De que, na verdade,
O que cria a dureza
De todo o caminhar
É o mundo de tudos
Inseridos por lá...
Com tantas portas
E frestas entreabertas,
Duas mãos são tão pouco!
O alcance, estreito!
A visão é tão rouca
Por não olharmos direito!
Balbucia-se a cegueira
Em silêncio e prostração.
O ar foge pelos tantos caminhos...
Inação.
No ia-mas-não-ia:
Asfixia...
(...)
@todasasformasdepoesia
"Pra onde vais?"
"Estás desistindo?"
"Ficarás sozinho?"
"Sem seus ‘o quês’ ?"
"Sem nem ‘porquês’?"
"Com tantos destinos?"
“Eternizarás dormindo?”
"Nunca!"
O inalcançável:
Um verdadeiro encanto
Em desejos carnais.
Incorporada:
Em corpo o nada. Instável?
Líquidas experiências
De confusas e doces essências
Criação ou contemplação
Tudo surge,
Tudo nasce,
Tudo explode.
Consome,
Vicia
Transborda:
De repente, surge o medo
De perder-se no entremeio
Faz-se da lucidez, deserto,
Torna-se dúvida, o anseio
Em pouco tempo, pronto, transformado
Agora, já foi dado novo passo
Surgindo, a sua frente, cada traço
O complemento do estava inacabado
Era uma visão?
Assim que se sonhava?...
... O que era?
Era a fonte de poder,
O todo e a semente;
Sem nenhum porém,
A força que estava ausente;
A melhor parte do inteiro
O real princípio...
Inícios!
A capacidade
Da pura beleza
Em demonstrar
Que precisava tão pouco
Apenas o “já”...
Pra serem fontes
Jorrando, molhando
Tantas mãos, se entrelaçando
O profundo, perfeito
A visão é tão louca
Imprevisível o efeito
A boca enxerga
No corpo, a degustação.
O ar invade, entra e sai...
Interação.
No vai-vamos-enfim-estamos:
Suspirando.
Eder B. Jr.
...Então,
de súbito,
o sabor do vento.
De súbito,
o derretimento
das paredes
e alçapões
muros, redes
ou dragões
que impediam
o livre voar.
Mas não era nada?
Então havia algo?
Quão cegos
deveríamos estar!
Justapondo-nos como
etapas de montagem
Atrelando-nos a um molde
de serragem;
Construindo um castelo
de areia
Bem à margem do oceano
em maré cheia!
Erguendo barreiras
sem porta ou janela
em prisão derradeira
à nossa própria cela!
Deixamos os olhos
turvos
Vertemos em vasos
curvos
solidão gotejante
de um mísero instante
de loucura doída
por temermos amar.
E o pulso, marcante
rege a caneta bailante
Entre compassos de vida
por fragmentos do sonhar...
Uma lágrima, muitos reinos:
Tufões de cores, esperança
tomando cada furo e fresta.
Um reino, muitas lágrimas:
Prismas de sombra, luz,
e lampejos do que nos resta...
ALberto Busquets
Criação,
de um súdito,
De simples momentos.
Seu súdito!
Muito envolvimento?
Por vezes:
Modificações
Sussurros de deuses?
Ou inspirações
que permitiam,
agora flutuar
Transformada
Enfim, no desejar
E tais versos
Podiam declamar!
Acrescentando ao todo
Novas roupagens
Ensaiando o recorte
Dessa nova imagem
Instigando um mistério
Da fonte que semeia
Elementos no ar
Líquido que permeia
Impossíveis fronteiras
Feitas de aquarela
Intitulada primeira
Apontada como "aquela"
E os sentidos, rasos
Mudos
Dilatando os vasos
Absurdos
O calor tão pulsante
Impulso inebriante
de razão colorida
por se descontrolar
E o impulso, errante
Esquece por um instante
Que se entendeu a saída
Que poderia encontrar...
Uma dádiva, os meus anseios:
Agora, já havia mais pressa
E tanta coisa interessa...
Anseios por outras dádivas
Que eu mesmo recriava
Isso é conto de fadas?
Eder B. Jr.
2 - Reflexão
Desanuvio-me!
Desembaraço-te...
Fagulha crescente
do nada a nenhum lugar.
Percebo sua presença.
O que és? Quem és?
Criei-te, ou vais me criar?
Nascida ante contrações
imagéticas,
despida de iterações
não-herméticas?
Tudo, subitamente,
fica diferente?
Qual e onde é o teu lar?
Perfil que o amor me clama
transforma minha caneta em chama...
e chama,
me chama
sem voz, mas diz tanto
sorrisos e prantos
danças e encantos
de enfeitiçar!
Como vieste de mim?
Ou não foi assim?
Sol que tateia às claras
pelos estreitos da minha visão?
Brilhas intensa por ti
ou por minha volição?
Seria lá o vislumbre
que eu não via?
És a caneta,
a tinta,
o papel
ou a poesia?
(...)
Ensolaro-me!
Desmundo-te...
A consciência dormente
finalmente vem dominar
Eu quem sou a essência
A certeza sem viés
Não há mistério a se desvendar!
O autor duvida das criações
hipotéticas,
Afinal, tem suas limitações
Tão milimétricas
Permito, infinitamente
Que sejas tão potente
Tentarás me dominar? (Haha)
Posso, fisicamente te desenhar
Seus dotes simplesmente materializar...
Pra te admirar
Para me amar!
Me ama?
Então, um susto!
Da sua voz, o canto
Do embalo ao santo
És capaz do profano?
Ao se empodeirar
Sou eu quem digo sim?
Te enxergo além do fim!
Com todo seu cuidado
É sua maior missão?
Amor eternizado
Numa total conexão!
Como se quem fosse criado
Fosse o deus da criação
Perfeita
Pura energia
Uma deusa?
Canção e melodia.
Parte II - Reflexão - (3)
Eu puxo a voz!
Assumo à frente
Tudo por nós
Te trago à mente
Da tua saia...
Tu nasces Gaia
Te conheço assim
Transbordas de mim
Princípio e fim
Mas o deus sou eu
Teu criador
Admirador
Não me criou!
Criou o autor?
Talvez foi ele
Quem nasceu
Do seu apogeu
Tanto poder
Te fez além
Do entender
A fonte de todo amor
Do ventre o puro calor
Do nascimento ao furor
Do conhecimento o fulgor
Imponente
O próprio mundo
O manto estrelado
Desdobra-se em véus
O espaço alado
Tua essência,
Em cores pintada
Paleta encantada
Tão delicada
Um diálogo eterno
Sussurro da terra,
Uma obra-prima
Torna-se lar,
Da vida que estima
Foi proclamada
Matéria em canção
Fortificada, feito trovão
Ressoada, em perfeita harmonia
Entre o divino e o terreno
Ela floresce, o mistério pleno
A ti eu me entrego
Personificada
Toda minha essência
Amante e amada
Definida morada
Um caso, eu caso, a casa
Paz encontrada?
De quem será essa voz?
Por que sinto-me dormente?
Não por mim,
não sou assim!
Como falo silente?
O que é "Gaia"?...
Sinto-te aí,
Eu a escrevi?
Fui transbordado
por força do acaso,
ou transportado
em próprio descaso?
Explosão criada
não por mim permeada,
mas por alguma deidade?
Qual seria tua vontade?
A deitarei no papel
qual tempestade...
"Falo com sua voz, humano,
pois não sou sinal divino
ou profano,
sou, somente: isso sei bem.
Existo, quero, posso.
Invisto-me em mim e vou além!
Sou a fagulha primeva,
a voz que vence o vazio.
Sou a instância,
a régua,
a canção.
Sou calor onde somente
havia frio!
Ouça-me, criatura que cria,
e repita-me em sua obra.
Sou a espera sombria
e toda a luz que dela sobra!
Banhe-se em mim, veja, sinta.
Não tenho fim...
Estou no pigmento que você pinta!
Aposse-se, pois nunca conseguirá.
Amolde-se, pois nunca se encaixará...
Empenhe-se,
Ordene-se,
Enfrente-se.
Nunca serei sua,
mas meu você sempre será!
Derrame seu pranto nas páginas,
humano autor,
pois a lágrima é poema cadente.
Jubilar-me-ei
de poético torpor
com seu ser como meu presente!
Interesso-me pelos inícios:
São os momentos propícios
do meu desabrochar.
Mas em ti, deidade,
Vejo uma não-tão-estranha vontade;
esse ímpeto de me amar?
Cautela, eu peço;
posses podem ser limitantes.
Meus limites eu mesma imponho.
Outro não seria meu semblante!
Deseja bailar?
Ou só desejar?"
...
E de repente...
Eu encontro alguém
Completamente diferente
Perfeitamente semelhante
Mas é um outro semblante
Amante?
Se a face de Gaia
Se apresentava
Serena mas misteriosa
Demonstrando todas as certezas
E todos os segredos
Nix se estampava como furiosa
Um enorme rompante
A loucura da escuridão.
Seu sorriso de deboche
Seu olhar superior
Entrava em minha mente
Não parecia condizente
Todo aquele poder
De ser, de criar
De pertencer
Agora passava a enfrentar
Afrontar
Superar
Ela entendia seu lugar
Que era onde ela quisesse estar
Não se deixava dominar
Então, me intimidei
Como isso aconteceu?
Esse deus
Se amedrontou?
Ela era muito
E se bastava
Me buscava
Mas controlava
Sem eu nem perceber
Tudo era seu!
Até mesmo eu!
Toda luz que se criou
Agora, apagou
Descobri a dor
O dessabor
Não valorizei
O que eu criei
Toda a paixão
Me possuiu
Me consumiu
Estava eu no chão
De coração na mão
Teu sorriso brilhou
E eu ainda quis mais
Mesmo em sofrimento
Receber o alento
Como eu deixei?
Com o passar do tempo
Me deixar levar
Se pudesse voltar
E me perdoar!
Me tirar do chão...